segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Desafios da Memória


Alguns hábitos simples ajudam a fortalecer a capacidade de recordar

Em geral, lembrar - seja um compromisso, o rosto de um conhecido, o que o professor ensinou na aula anterior ou da data de aniversário de um amigo - é muito útil. Não por acaso as pessoas se sentem tão ameaçadas quando percebem que a memória começa a lhes pregar peças. O desgaste da capacidade de reter e acessar informações (principalmente as mais recentes ) surge à medida que o tempo passa, mas pode ser agravada por fatores como noites maldormidas, alimentação inadequada, falta de concentração e acomodação ao cotidiano. A boa notícia é que algumas atitudes que podem ser incorporadas à rotina ajudam a melhorar o desempenho nessa área. Mas é preciso esforço. Como ocorre com a maioria de nossas habilidades, quanto mais as exercitamos mais elas se desenvolvem. Isso vale para os treinos da musculatura, idiomas ou aprendizado de algum instrumento musical. No caso da memória, em especial, é importante desafiar-se a buscar novos aprendizados.
Se você trabalha em um escritório, uma boa pedida poder ser aulas de dança (ainda que essa atividade lhe pareça distante de seu universo). Se for um dançarino avesso à informática, pode aprender a lidar com computador; se trabalhar com vendas, o exercício de jogar xadrez será um desafio.Ou seja, ofereça a seu cérebro a possibilidade de surpreender - e até errar, por que não? A novidade estimula os circuitos neurais.
Outra providência importante para quem quer exercitar a memória é aprender a relaxar. Para a maioria das pessoas é impossível focar a atenção em algo se elas estiverem sob tensão. Um hábito simples, que ajuda a direcionar a concentração para o que queremos, é o famoso "contar até 10": basta prender a respiração por dez segundos e soltá-la lentamente. Também vale lembrar que é contraproducente tentar guardar todos os fatos que acontecem, o melhor é focalizar a atenção e se concentrar naquilo que parece de fato importante, procurando afastar os demais pensamentos. Há um exercício: pegue um objeto qualquer, uma caneta, por exemplo, e se concentre nela. Pense sobre suas diversas características: material de que é feita, função, cor, forma, etc. E durante essa prática não deixe que nenhum outro pensamento ocupe a sua mente. Passadas algumas horas, relembre o que pensou sobre a caneta - a maioria das pessoas se surpreende quando percebe o quão aguçada se torna sua capacidade de memorização quando de fato presta atenção.
Dormir também é fundamental para manter a capacidade de mnêmica em dia. É durante o sono que as memórias são cultivadas: enquanto algumas vingam, outras se perdem. A construção da memória depende muito desse período em que o cérebro tece a trama da subjetividade e oferece respostas a problemas que nos afligem durante a vigília.
Ao contrário do que muitos pensam, o cérebro não descansa durante o sono, mas encontra-se em franca atividade. É nessas horas que as informações coletadas durante a vigília são processadas, selecionadas, gravadas e finalmente transformadas em memória.
Dentre as várias funções do sono, o processamento da memória parece ser a única que exige do organismo estar realmente adormecido.
Economizar horas de sono prejudica a cognição: alguns aspectos da consolidação da memória só são acionados quando dormimos mais de seis horas. Quando se passa uma noite em claro, as memórias daquele dia ficam, portanto, comprometidas.

Para não esquecer

Preste atenção. "É incontestável que a memória é intensificada pela atenção", diz o professor Michael Anderson, da Universidade de St. Andrews, Reino Unido. Portanto, faça um esforço consciente para pensar sobre onde você deixa as chaves ao chegar. Dizer em voz alta "estou colocando as chaves sobre a mesa" também ajuda a fixar a informação.

Seja organizado. Memórias são como correspondências, diz Anderson. É preciso bem pouco esforço para abri-las e jogar todo o conteúdo sobre a mesa, mas, quando você precisar encontrar uma, não será tão fácil. Arquivá-las de formas relacionadas costuma facilitar. Portanto, quando precisar se lembrar de alguma coisa, tente ligá-la a uma memória forte.

Emocione-se. Estímulo emocional intensifica as memórias, mesmo quando não são propriamente "emotivas". Adam Anderson, da Universidade de Toronto, Canadá, mostrou às pessoas quadros neutros de casas e rostos e, depois, imagens com forte apelo emocional. Resultado: cenários neutros eram mais lembrados quando acompanhados por cenas emocionalmente estimulantes.

Revise. Recuperar itens da memória aumenta a probabilidade de se recordar deles no futuro e impedir que sejam removidos e subistituídos por novas memórias. Portanto, repita o nome da pessoa que você acabou de conhecer depois de 30 segundos e mais uma ou duas vezes em intervalos crescente entre as repetições. " A razão de a maioria das pessoas não ter boa memória para nomes é que elas são preguiçosas", diz Michael Anderson.

(Fonte: Revista Mente Cérebro)

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